O dinheiro é incapaz de acabar com uma paixão. Esse é o tema da história entre Aurélia e Fernando.
Romance de costumes que reflete a decadência de valores do Segundo Império, Senhora representa o ponto mais alto da ficção urbana de José de Alencar.
Simplesmente AMO este livro!
Aborda toda a questão do casamento por conveniência, que era uma prática muito comum e totalmente aceitável na época.
Aurélia é uma protagonista de caráter muito forte e até transgressora de muitas convenções e tabus. Já Fernando é um mocinho que não é de maneira nenhuma, um exemplo de vida, pelo contrário, têm muitos defeitos e pisa feio na bola com Aurélia.
Gosto do livro porque o autor mostra a realidade, pois estamos smpre cometendo falhas, até acertamos e aprendermos com os erros do passado e não repetí-los mais.
O livro mostra como um amor pode no fim separar a sede de vingança, a cobiça, a tradição e poder ilusório do dinheiro.
Um trecho marcante:
(...) Seixas ajoelhou aos pés da noiva; tomou-lhe as mãos que ela não retirava; e modulou o seu canto de amor, essa ode sublime do coração que só as mulheres entendem, como somente as mães percebem o balbuciar do filho.
A moça, com o talhe languidamente recostado no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os olhos coalhados em uma ternura maviosa, escutava as falas de seu marido; toda ela se embebia dos eflúvios de amor, de que ele a repassava com a palavra ardente, o olhar rendido e o gesto apaixonado.
- É então verdade que me ama?
- Pois duvida, Aurélia?
- E amou-me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?
- Não lho disse já?
- Então nunca amou a outra?
- Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia de sua noiva.
Aurélia estava lívida e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.
- Ou para outra mais rica!... disse ela, retraindo-se para fugir ao beijo do marido e afastando-o com a ponta dos dedos.
A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
- Aurélia! Que significa isto?
- Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é: eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido. (...)
A moça, com o talhe languidamente recostado no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os olhos coalhados em uma ternura maviosa, escutava as falas de seu marido; toda ela se embebia dos eflúvios de amor, de que ele a repassava com a palavra ardente, o olhar rendido e o gesto apaixonado.
- É então verdade que me ama?
- Pois duvida, Aurélia?
- E amou-me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?
- Não lho disse já?
- Então nunca amou a outra?
- Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia de sua noiva.
Aurélia estava lívida e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.
- Ou para outra mais rica!... disse ela, retraindo-se para fugir ao beijo do marido e afastando-o com a ponta dos dedos.
A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
- Aurélia! Que significa isto?
- Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é: eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido. (...)
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